Publicado em 12 de janeiro de 2020
Devocionais Sabedoria
A Janela
Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza;
porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.
(Lucas 12.15)
G.W. Target escreveu uma historinha em 1973 intitulada “A Janela”. Ela ilustra poderosamente a escolha que todos nós temos de viver ou para nós mesmos, ou para o próximo:
Dois homens seriamente doentes estavam confinados a um quarto de hospital. Um deles ficava o tempo inteiro deitado de barriga para cima; o outro tinha que se sentar durante uma hora todos os dias para evitar acúmulo de fluido nos pulmões. Seu leito era o único que ficava próximo à janela.
Todos os dias no decorrer da hora em que se sentava, ele descrevia tudo o que via pela janela para o seu companheiro deitado no leito ao lado. O indivíduo deitado começou a viver para aquela hora; seu companheiro de quarto falava do belo lago lá embaixo, descrevendo os pescadores e os resultados de seus esforços. No dia seguinte, ele descrevia o perfil da cidade no horizonte e as vidas corridas das pessoas que moravam lá. Montanhas à distância, com picos cobertos de neve, também faziam parte da conversa. E assim se passavam os meses e os tempos desses dois indivíduos ali no hospital.
Depois de um tempo, o homem condenado a ficar deitado na cama começou a ficar ressentido com os relatórios vindos da janela. Apesar de envergonhado de admitir para si mesmo, não parecia justo que seu companheiro ficara com o leito ao lado da janela. Com o tempo, esse ressentimento se transformou em ira e, então, em amargura.
Numa bela noite, ele acordou com o companheiro ao lado tossindo, precisando, desesperadamente, aliviar os pulmões. Ele o viu se esticando, tentando pegar o botão para chamar a enfermeira. O indivíduo amargurado poderia ter facilmente apertado seu próprio botão para pedir auxílio, mas não o fez. Ao invés disso, escolheu não ajudar. Dentro de poucos minutos, a tosse parou e começou um chiado. Finalmente, silêncio.
Algumas horas depois, a enfermeira descobriu que o paciente perto da janela tinha falecido durante a noite. Depois que levaram seu corpo embora, o homem que ficou perguntou discretamente: “Já que fiquei sozinho no quarto, será que poderiam colocar minha cama ali para eu poder ficar olhando pela janela?” A enfermeira consentiu.
Uma vez perto da janela, o homem juntou todas as forças possíveis e conseguiu se erguer com os cotovelos. Finalmente, ele poderia ver com seus próprios olhos tudo o que o esperava do lado de fora. Foi aí que ele fez a terrível descoberta: do outro lado da janela não havia nada além de um muro de concreto.
O contentamento às vezes é algo bastante difícil para o crente. Ele se pergunta: “Por que ele tem um emprego melhor, uma casa maior, uma família mais unida?” Por que a outra pessoa sempre fica com a janela? A vida não parece justa!
Lemos em Romanos 12.15: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” Isso significa que contentamento é não somente ficar satisfeito e feliz com o que se recebe—quer grande ou pequeno—, mas também ficar feliz por aquilo que outras pessoas recebem. Segundo as palavras de Cristo, felicidade não se encontra em nossas posses, mas em nossa perspectiva.
Existe alguma janela em sua vida?