O Evangelho É Gelo Grosso!

Era um daqueles invernos congelantes do século dezenove. Sam e Bessie moravam às margens de um rio largo que tinha oitocentos metros de largura. Nas estações amenas, os moradores da região o atravessavam a barco; durante o inverno, o rio congelado era atravessado a carruagem. Do outro lado do rio, havia uma estação que também servia como loja de produtos diversos, vendendo desde comida a remédios e materiais de construção.

Nesse inverno em particular, Sam e Bessie abriram as portas de sua cabana para receber um viajante em necessidade. Mal sabiam eles que o hóspede os deixou com um presente indesejado—uma doença altamente contagiosa. Dentro de poucas semanas, Bessie estava terrivelmente enferma. Sam identificou os sintomas e percebeu que sua esposa precisava urgentemente de remédio, disponível apenas do outro lado do rio.

Ainda era o início do inverno. Apesar de a superfície do rio estar congelada, Sam sabia perfeitamente que o gelo não era nem grosso o suficiente para suportar o peso de sua carroça, nem fino o suficiente para conseguir atravessar a barco. Ele amava sua esposa querida. Por isso, determinou em seu coração que preferia morrer atravessando o rio do que a perder para aquela febre. Ele a beijou, garantindo-lhe que em breve estaria de volta, e desceu em direção à margem do rio.

Empurrando um pedaço de tábua diante de si, ele esticou seu corpo e começou a rastejar sobre o gelo. Lenta e cuidadosamente, ele prosseguiu sobre o gelo, centímetro após centímetro, orando enquanto deslizava a tábua à sua frente. O vasto rio permaneceu silencioso durante os primeiros vinte minutos. Daí, o gelo começou a gemer. Sam se deslizou cautelosamente, porém ouviu o insistente barulho de rachaduras. Ele tinha acabado de fazer uma oração quando, de repente, o gemido do gelo se transformou num rugido, seguido de um barulho ensurdecedor—o gelo estava se partindo! Ele fechou os olhos, preparando-se para o pior. Todavia, nada aconteceu.

Virando-se em direção ao barulho, ele avistou um homem dirigindo uma carruagem puxada por vários cavalos e atravessando o rio a uns cem metros de onde Sam estava. Os cavalos galopavam a toda velocidade. A carruagem chegou à outra margem e parou na estação. Sam se levantou e gritou: “Aleluia!” Em seguida, correu para a estação, comprou o remédio, pegou uma carona de volta em uma carruagem e chegou em casa para cuidar de sua esposa doente.

Seu medo se transformou em confiança; ele parou de rastejar e começou a correr. O que antes fora uma confiança frágil de que o gelo seria capaz de suportá-lo se transformou numa convicção ousada de que de fato o suportaria!

Meu amigo, é assim que nossa fé no Senhor deve ser. Ouça a voz de João, o discípulo amado de Jesus, que ecoa no decorrer dos séculos: “Ei, crente! Eu escrevi essas coisas para que você saiba que tem a vida eterna!”

O evangelho de Cristo não é uma camada fina de gelo sob nós, suportando tenuamente nosso peso enquanto oramos desesperadamente. Não. Ele é uma substância tão firme quanto a rocha e sobre a qual podemos correr, pular e até edificar nossas vidas. As boas-novas de Cristo eliminam o rastejar temeroso e o substituem por uma caminhada confiante, às vezes até um salto ou dois de alegria!