Artigos Sabedoria

A SUPREMACIA DE DEUS: "NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM" Êxodo 20.3; Deuteronômio 5.7

Por Peter Goeman
Professor de Hebraico e Antigo Testamento (Shepherds Theological Seminary)
Publicado em 8 de dezembro de 2019

Este é o primeiro dos Dez Mandamentos. Ele não é o primeiro por acaso, mas porque é fundamental para os subsequentes. A singularidade de Deus constitui o motivo por que ele tem o direito de estipular o que devemos fazer. Ele tem o direito de nos mandar viver de acordo com o funcionamento do mundo que ele criou.

O primeiro mandamento foca na posição divina suprema e peculiar de Deus. Perceba que o nome “Senhor” não está presente neste mandamento. O Senhor (Yahweh) é mencionado pelo nome no decorrer de Êxodo 20 (vv. 5, 7, 10, 11, 12). Entretanto, a ênfase neste mandamento é Deus em relação à sua posição como o único Deus. Isso nos conduz à realidade teológica basilar do primeiro mandamento: toda criatura tem a obrigação de reconhecer seu Criador como supremo e sem igual, exclusivamente digno de adoração.

Essa verdade teológica está edificada sobre Gênesis 1, o qual destaca o fato de que somente Deus é o Criador e ele não compartilha sua glória com ninguém. Um exercício interessante é ler Gênesis 1 e contar quantas vezes o nome Deus aparece no relato. Por exemplo, na versão Almeida Revista e Atualizada, o nome de Deus ocorre vinte e oito vezes em apenas trinta e um versos. Isso é significante. O que o autor, Moisés, frisa em Gênesis 1 é que não há outros deuses; o Deus verdadeiro não possui rivais. O Deus das Escrituras é o que criou todas as coisas. Ele é quem sustenta tudo. Ele não compartilha sua glória com outros deuses porque tudo quanto existe foi criado por ele—nada mais existia à parte dele. Ele é supremo e ninguém é seu igual.

Assim, pelo fato de Deus ser o Ser Supremo, a aplicação que Moisés faz a partir do primeiro mandamento é que Israel não deve atribuir a ser ou coisa alguma a posição do Deus verdadeiro. Por causa do que Deus é (demonstrado através da criação), não há seres iguais a ele. Ele é supremo. Israel deve demonstrar essa verdade pela forma como trata coisas criadas. Mais especificamente, os israelitas não devem adorar outro ser ou coisa e elevá-los à posição de um deus, pois isso não refletiria adequadamente a verdade de que o Deus da Bíblia é o Ser Supremo.

Semelhantemente, os crentes devem viver com essa mentalidade. O padrão não mudou para os que pertencem ao período do Novo Testamento. Por isso, o apóstolo João alerta seus leitores para que fiquem longe de ídolos (1 João 5.21). Revelamos a importância de Deus para nós pela maneira como tratamos outras coisas. Por exemplo, podemos substituir Deus por três coisas: tempo, dinheiro e esforço. Se nosso tempo, dinheiro e esforço não estão atuando ativamente para fazer de Deus nossa prioridade, existe algo terrivelmente errado e findaremos substituindo o Criador por atividades e coisas, as quais acabam se tornando nossos ídolos. Assim, violamos o princípio da criação que diz que Deus tem que ser supremo em nossas vidas. Será que Deus é importante o suficiente a ponto de deixarmos de assistir a um clássico de futebol no domingo à noite para adorá-lo juntamente com a igreja? Será que Deus é importante o suficiente a ponto de abrirmos mão de determinados prazeres da vida (passear, divertir-se, assistir a filmes e televisão, etc.) para dedicar tempo a ele em oração? Basicamente, a pergunta é se tratamos Deus como Deus. De forma simples, se Deus não é nossa prioridade, precisamos reformular nossas prioridades.

 

Este artigo pertence a Peter Goeman. Todos os direitos reservados.
Para acessar o artigo original, clique aqui.