Publicado no dia 22 de setembro de 2019

Devocionais Sabedoria

Encontro Marcado (Parte 2)

Êxodo 3.7–10

Em nosso devocional anterior, passamos a observar o encontro de Deus com Moisés à medida que Ele começa a agir soberanamente a fim de realizar Seus propósitos na vida do povo escolhido, Israel. Já faz vários séculos que o povo hebreu se encontra sob o amargo jugo da escravidão na terra do Egito. Deus prometeu a Abraão que dele faria uma grande nação, que ela habitaria a terra de Canaã e que seria bênção para o mundo inteiro; sem dúvidas, Deus realizará o que determinou.

Nesse contexto e com o objetivo de cumprir fielmente Suas promessas, Deus desenvolve Seu plano tomando algumas atitudes em Êxodo 3–4, a partir das quais extraímos lições importantes para nossas vidas. Destacamos a primeira dessas atitudes (Êxodo 3.1–6): a fim de realizar seus propósitos, Deus se encontra conosco onde estamos. Com base em Sua interação com Moisés ao pé do Monte Horebe (Mt. Sinai) na ocasião da famosa sarça ardente, aprendemos que Deus nos encontra onde estamos, em meio à correria de nossas vidas, para chamar nossa atenção, a fim de nos levar a adorá-lo.

Hoje destacaremos a segunda atitude por parte de Yahweh: após chamar nossa atenção, Deus apresenta necessidades diante de nós. Veja o que Deus diz a Moisés em Êxodo 3.7–9:

7Disse ainda o Senhor: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; 8por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. 9Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo.

É interessante notar a estratégia de Deus ao apresentar a necessidade diante de Moisés; o Senhor prepara o palco para em seguida instar Moisés a ser o servo por meio do qual realizará Seu plano soberano. Deus destaca a situação miserável dos hebreus por meio de expressões como aflição, clamor, sofrimento, opressão, oprimindo. Além disso, Ele contrasta essa situação deplorável atual com a futura situação confortável embutida na promessa por meio de expressões como terra boa e ampla, terra que mana leite e mel. Assim, Moisés se vê encurralado. Diante do retrato pintado por Deus, Moisés deve ter pensado naturalmente: “É… de fato, a situação é lamentável. Inclusive, eu morei lá no Egito 40 anos e presenciei tudo. Algo precisa ser feito!”

Yahweh apresentou a necessidade perante Moisés por pelo menos dois motivos. Primeiro, porque Deus está atento às necessidades de Seus filhos. Como deve ter sido algo confortador para Moisés ouvir da boca do próprio Soberano que Ele se preocupava com os hebreus, seus irmãos!

Em Seu discurso, Deus mostra estar ciente da situação dos israelitas de maneira maravilhosa: por meio da seleção de verbos que faz, Deus explica para Moisés que sabe o que se passa no Egito. Deus diz que viu a aflição e ouviu o clamor aflito dos hebreus porque conhecia o seu sofrimento. Então, Seu conhecimento do desespero do povo levou Deus a descer e tomar as devidas atitudes. Essa confirmação de Deus serviu para acalmar o coração de Moisés. Afinal, parecia que o Deus de Israel tinha abandonado o Seu povo.

Deus apresentou a necessidade perante Moisés porque Ele está atento às necessidades de Seus filhos e, segundo, porque tem um plano para o Seu povo. O plano de Deus envolvia um destino melhor (v. 8): uma terra de abundância. Até aqui, Moisés só tem a concordar com o Senhor.

O “problema” para Moisés é que além de o plano de Deus envolver um destino melhor, ele também envolve o serviço de um servo. Veja o verso 10: Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito. Deus desceu e, toda vez que Ele desce, coisas tremendas e grandiosas acontecem. Pense em Babel; pense em Jesus Cristo! Então Ele desce, mas desce para primeiramente enviar Moisés.

Agora as coisas mudam! “Deus, ainda bem que o Senhor está atento ao que se passa aqui embaixo… Ainda bem que o Senhor viu, ouviu e desceu para tomar as devidas atitudes e resolver essa questão! Mas, Deus… que história é essa de me enviar de volta para o Egito e dar ordens a Faraó?!”

Sem dúvidas, podemos assumir aqui a posição dos israelitas e encontrar conforto no fato de Deus saber o que se passa conosco; apesar de parecer distante, Ele vê o seu problema e angústia pessoais e ouve seu clamor quando encharca seu travesseiro com lágrimas amargas de frustração. A grande questão é a confiança de que Ele agirá do jeito certo e—veja bem—no tempo certo.

Todavia, não é isso o que está em jogo nessa passagem. Tudo gira em torno da promessa de Deus feita aos Patriarcas de que seus descendentes—os israelitas—tomariam posse da terra de Canaã. Esta narrativa revela agora que esse plano de Deus envolve Moisés. A fim de que a nação seja estabelecida e tome posse da terra, os hebreus precisam ser resgatados da servidão. Deus poderia realizar tudo sozinho; na verdade, será Deus o libertador de fato, realizando sinais e grandes prodígios para libertar os israelitas. Mas Ele escolheu realizar esses atos pela mão do servo Moisés. Aprendemos aqui o seguinte princípio: Deus convoca servos para realizar Seus propósitos.

É um enorme privilégio saber que Deus decidiu incluir nosso serviço enquanto cumpre Seus propósitos soberanos e eternos. De maneira bastante ampla, sabemos que um dos propósitos de Cristo é comprar para Deus indivíduos que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Apocalipse 5.9). No contexto mais restrito do corpo de Cristo, isto é, da igreja, o propósito de Cristo é a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito (Efésios 5.27). Deus deseja usar a sua vida particularmente nessas grandes empreitadas.

Esses dois enormes propósitos de Cristo se expressam de diversas maneiras na minha vida e na sua. Somos diariamente desafiados a servir a Deus e contribuir com Ele nessas duas obras. Pode ser evangelizar familiares sob o mesmo teto ou professar sua fé em Cristo para aquele rapaz ou moça do trabalho; você luta com o medo da vergonha, do desprezo e da humilhação. Pode ser discipular um novo convertido, dispor-se para servir em algum ministério da igreja que tem a necessidade de voluntários ou mesmo confrontar amorosa e misericordiosamente um irmão que tem vivido em pecado. As aplicações são inúmeras e o Espírito de Deus dará a você direção e discernimento para entender como esse princípio norteará seus passos no dia a dia. O importante neste ponto é que você aceite o princípio bíblico de que Deus usa Seus servos para realizar Seus propósitos. Em seguida, submeta-se ao Senhor. Ele deseja usá-lo.

 A verdade é que essas são obras que por sua proporção nos intimidam. Deus, porém, nos capacita. E, de fato, no próximo devocional veremos a terceira atitude que Deus toma. E ela fará toda a diferença, tanto para Moisés como para nós!

Pense: você tem sido usado por Deus ultimamente? Se não, você provavelmente tem fechado os olhos para as necessidades que Ele tem apresentado em sua vida.

 
Este devocional pertence a Denis Salgado. Todos os direitos reservados.