Publicado no dia 8 de setembro de 2019
Devocionais Sabedoria
Encontro Marcado (Parte 1)
1Apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã; e, levando o rebanho para o lado ocidental do deserto, chegou ao monte de Deus, a Horebe. 2Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia. 3Então, disse consigo mesmo: Irei para lá e verei essa grande maravilha; por que a sarça não se queima? 4Vendo o SENHOR que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou e disse: Moisés! Moisés! Ele respondeu: Eis-me aqui! 5Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. 6Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus.
(Êxodo 3.1–6)
Quando falamos em “encontro”, muitas coisas podem vir à nossa mente. Se você é casado, então é possível que se lembra do primeiro encontro com aquela moça dos seus sonhos (homem, se não se lembra, apenas acene com a cabeça concordando—não se entregue!). O encontro também pode ser com o pai que você só conheceu quando adulto, com um amigo de longas datas que tanto desejava rever, com um médico para um diagnóstico tão esperado ou com sócios para tomar uma decisão que mudará o rumo da sua empresa. A vida é, de fato, feita de encontros; alguns bons, outros ruins (pergunte para o homem que descia pelo caminho de Jerusalém a Jericó); alguns marcados, outros inesperados.
As Escrituras estão repletas de encontros, o mais grandioso deles sendo, evidentemente, o encontro da humanidade com o seu Deus Criador revelado de forma corpórea na pessoa de Jesus Cristo, o Senhor Salvador. Em Êxodo 3, nós nos deparamos com mais um encontro que ocorreu mais de mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo, dessa vez envolvendo Deus e Moisés.
Já faz vários séculos que o povo hebreu se encontra sob o amargo jugo da escravidão na terra do Egito. Deus havia prometido a Abraão que dele faria uma grande nação; sem dúvidas, Deus realizará o que determinou. Finalmente, chegou o momento de Deus proceder com seu plano de formar essa nação. E Ele chamará Seu servo para realizar Seus propósitos soberanos.
Nesse contexto e com o objetivo de realizar seu plano de formar tal nação, Deus toma algumas atitudes em Êxodo 3–4, a partir das quais extraímos lições importantes para nossas vidas. Hoje destacarei a primeira dessas atitudes que se encontra em Êxodo 3.1–6: a fim de realizar seus propósitos, Deus se encontra conosco onde estamos. E Ele faz isso mesmo em meio à correria de nossas vidas.
Nesse texto, vemos Moisés cuidando de seus próprios negócios. Após quarenta anos no Egito desfrutando da educação e do conforto do palácio, Moisés foge para o deserto de Midiã por haver matado dois egípcios que maltratavam escravos hebreus. Ali no deserto, ele acha uma esposa (quem disse que deserto é lugar árido?). Ele passa a trabalhar nos negócios de seu sogro Jetro, pastoreando ovelhas. Essa era a ocupação de Moisés, esse era o negócio de Moisés, essa era, agora, a vida de Moisés.
Após quarenta anos fora do Egito, é possível que Moisés, longe daquele cenário horroroso de opressão sobre os hebreus e da necessidade desesperadora de seu povo, acabou esfriando seu coração em relação à condição desgraçada dos hebreus. Todavia, enquanto Moisés se preocupava com seus próprios negócios, Deus, por outro lado, preocupava-se com os negócios de seu povo. Daí, Ele aparece a Moisés em meio à correria de sua vida.
Em seguida, conforme vemos nos versos 2–3, Deus se encontra conosco na correria de nossas vidas para chamar nossa atenção. Lá estava Moisés cuidando das ovelhas e, de repente, ele vê um fogo—um arbusto em chamas. Agora, o que realmente chama sua atenção não é o fogo em si, mas o fato de o arbusto não ser consumido, apesar de envolvido em fogo. Moisés chama isso de “grande maravilha.” Quando ele vai averiguar essa grande maravilha, Deus fala com ele de dentro do arbusto. Deus interrompe a rotina de Moisés para chamar sua atenção, a fim de realizar algo especial com sua vida. Agora, Moisés deixa de lado suas ovelhas e foca em outra coisa. Ao chamar sua atenção, Deus redireciona a perspectiva de Moisés.
Nos versos 4–6, vemos que Deus se encontra conosco na correria de nossas vidas para chamar nossa atenção, a fim de nos levar a adorá-lo. Coloque-se no lugar de Moisés: ele já tem oitenta anos de idade e, pelo que sabemos, nunca ouviu a voz de Deus, nunca interagiu com Deus, nunca teve experiência alguma com o Deus de seus pais e não faz ideia do que é conversar com Deus. De repente, uma voz se dirige a ele do meio de um arbusto: “Moisés.” Ele deve ter pensado: “O que está acontecendo aqui? Quem está falando comigo?” Sua reação é a reação natural de qualquer um sob tais circunstâncias: “Sim, sou eu.” A questão é que a voz não se identifica com um nome; a primeira coisa que a voz faz é declarar o caráter daquele que fala, algo que consequentemente também informa Moisés de seu próprio caráter. Deus diz: “Não se aproxime; tire as sandálias porque este lugar é santo.” Em outras palavras: “Eu sou santo, você é pecador.” Deus não começa com seu nome; Ele começa com seu caráter. O caráter de Deus exige reverência, submissão e respeito. Por isso, Moisés tira as sandálias num ato de adoração.
Por fim, Deus finalmente revela sua identidade: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” Deus quer dizer: “Eu sou o Deus fiel que lembra de seu povo e da aliança feita com seu povo.” Quando Deus se revela, Moisés esconde seu rosto num temor reverente. Agora, nesse encontro marcado com Deus, Moisés adora; ele sai de ocupação e curiosidade para intimidade e adoração, uma adoração induzida pela Palavra, pelo caráter e pelo temor de Deus. Deus nos encontra onde estamos, em meio à correria de nossas vidas, para chamar nossa atenção, a fim de nos levar a adorá-lo. Essa é a primeira atitude que Deus toma com o intuito de nos usar para realizar seus propósitos.
Assim como Deus tinha planos para a descendência de Abraão na carne que se encontrava no Egito, Ele também tem planos e propósitos a realizar na vida dos descendentes de Abraão na fé: seus redimidos pelo sangue de Cristo. Você já identificou seu lugar nos planos de Deus? Fique atento, fique alerta para aquilo que o Senhor tem para você, quer especificamente como indivíduo, quer de forma geral como igreja. E não pense que precisa ser algo grandioso; Deus também usa grandes servos para realizar tarefas pequenas, mas importantes.
Deus estava no processo de revelar sua vontade a Moisés através da sarça ardente. Nossa sarça é a Bíblia; ou melhor, a Bíblia é a nossa floresta de verdades. É ali que Deus se comunica conosco; é ali que Ele mostra o que deseja fazer conosco; é ali que Deus se encontra conosco, mesmo em meio ao corre-corre do dia-a-dia, para chamar nossa atenção, levando-nos a adorá-lo. Deus tem um encontro marcado com você nas Escrituras, um encontro infinita e eternamente mais importante do que aquele com sua namorada, pai, amigo, médico ou sócios. E esse encontro é o primeiro passo para usá-lo eficazmente para cumprir os propósitos de Deus na vida de seu povo. E aí, já se encontrou com Deus hoje ou você está ocupado demais para Ele?
A segunda atitude de Deus revelada em Êxodo 3–4 para cumprir seus propósitos na vida de seu povo será o tema do nosso próximo devocional.